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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tratamento e Recuperação dos Usuários de Drogas

Clínicas de Tratamento


Dependência química: tratamento profissional ou terreno para charlatães?

Violência, marginalidade, vício, tráfico. Estes são estereótipos comumente associados ao usuário de substâncias psicoativas. Esta visão distorcida se agrava quando reportagens sobre entidades que “tratam” aqueles a quem os jornais se referem como “viciados” são veiculadas. Agressões, choque elétrico, trabalho forçado são manchetes convidativas para TV e companhia. O problema é que esta situação, verdadeira em certos casos, não reflete a realidade do segmento como um todo.

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que as drogas já deixaram de ser marginais há muito tempo. Apesar de se insistir, por meio de reportagens sensacionalistas, em associar drogas apenas com Cracolandia, hoje elas também estão presentes nos lares do cidadão comum, do trabalhador honesto, do homem ou mulher de bem.

E a hipótese de que as drogas entram na vida das pessoas por meio de marginais, estranhos, traficantes, é puro mito, segundo especialistas. “Geralmente quem oferece é quem está mais próximo, um colega de escola ou trabalho, companheiro de ‘balada’ e, talvez, o melhor amigo”, diz a psicóloga especialista em Dependência Química Cláudia de Oliveira Soares, diretora terapêutica da Clínica Médica Especializada Viva. Ela também faz um alerta: “O pai que bebe na frente dos filhos pode, sem saber, ser o introdutor da droga na vida dessas crianças e jovens”, complementa.

Por outro lado, há mais drogas lícitas (cigarro e álcool), prescritas sob orientação médica (antidepressivos, controladores de ansiedade e inibidores do apetite) sendo consumidas e que causam dependência, que propriamente as drogas ilícitas, como maconha, cocaína e crack.

A dependência química é uma doença, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde em sua Classificação Internacional de Doenças (CID – 10). Está descrita entre os capítulos F-10 e F-19, que tratam de Transtornos Mentais e Comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa.

“Por se tratar de assunto de saúde pública, a dependência química necessita de profissionais qualificados, entre médicos, psiquiatras, psicólogos; com programas terapêuticos definidos, para que sejam obtidos resultados efetivos no tratamento da doença”, comenta Cláudia Soares.

A questão é que, por falta de fiscalização de órgãos públicos competentes, o segmento de tratamento para dependentes químicos virou terreno fértil para pessoas que, por falta de informação - às vezes até com boas intenções -, ou simplesmente por oportunismo, enxergam uma oportunidade de negócio facilmente rentável. E as famílias, no auge da questão “internar ou não um parente” e sensíveis pela necessidade da decisão com urgência, acabam caindo em verdadeiras ciladas.

Na contramão do oportunismo, há clínicas sérias, que entendem a complexidade da doença, capacitadas e gabaritadas para o tratamento, e que investem em pesquisa e conhecimento para compreender cada vez mais o que é a dependência química. Tais instituições baseiam seu trabalho em estudos aprofundados a cada dia, para se obterem resultados cada vez mais efetivos, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).

Estas clínicas atuam dentro da lei, respeitando normas referentes ao tratamento, à questão sanitária, à segurança, e atendendo a outras exigências legais. “Por isso aconselhamos as pessoas para que, antes de internarem seus familiares em uma entidade que diz tratar a dependência química, que verifiquem seus registros, conheçam o método de tratamento, comprovem a idoneidade da equipe profissional e busquem informações sobre a eficácia do tratamento”, finaliza Cláudia Soares.

Recuperação


Tratamento Médicos e Psicológicos

Os jovens em geral são rebeldes às clássicas psicoterapias, mas quando usam drogas as resistências pioram e acabam criando verdadeiras batalhas em casa para não ir às consultas. As elegações mais comuns são, entre outras:
"Não sou louco para ir a um psiquiatra, os loucos são vocês",
"Não sou viciado. Paro quando eu quiser", "Vão gastar dinheiro à toa!"
Quando há comprometimento psicológico ou físico, a consulta especializada se faz necessária. Cabe ao profissional - médico, psiquiatra, psicólogo- especializado fazer um bom diagnóstico e estabelecer um procedimento adequado. Os especialistas estão mais capacitados a utilizar, se necessário, medicamentos específicos. Há muito progresso no campo medicamentoso terapêutico. Novidades surgem a toda hora, entretanto a validade deverá ser confirmada pelos profissionais escolhidos.


Só internação não resolve

Em casos graves, quando o usuário está muito comprometido, a internação hospitalar é necessária e fundamental para dar início à recuperação. Nesse sentido, os hospitais funcionam bem.
Depois da alta, o apoio de grupos de auto-ajuda é excelente.
Os "padrinhos" que adotam um novo usuário cuidam dele como se fossem um filho. A única obrigação desse "filho" é ligar para o "padrinho" quando a vontade de usar a droga começar a ser despertada. É a força da coletividade agindo sobre o indivíduo necessitado.
Não há psicoterapias nem internações que garantam uma proteção tão grande e tão empenhada quanto a que esses grupos oferecem. E, se houver, pode se tornar inviável para a maioria da população, pelo seu alto custo.

(Salvar o Filho Drogado - Dr. Flávio Rotman - 2ª edição - Editora Record)
As “Sete regras básicas para interrupção do consumo de cocaína” (Washton, 1989) são válidas para dependentes de outras drogas e/ou álcool, e devem ser extensivamente discutidas com os pacientes:
1 - O momento de parar é agora
Uma das táticas mais usadas pelos dependentes e abusadores de álcool e/ou drogas para evitar ingressar em tratamento é a procrastinação (“deixar para mais tarde ou para depois”, adiamento indefinido que colabora para o aumento das conseqüências derivadas do consumo). A frase “Eu vou parar amanhã” significa exclusivamente que o indivíduo não tem nenhuma intenção atual de interromper o consumo.
2 - Deve-se parar o consumo de uma vez
Reduzir o consumo de drogas e álcool é uma tarefa ingrata e infrutífera. Cada episódio de consumo de coca aumenta o desejo por mais cocaína e assim o processo de recuperação acaba sempre adiado.
3 - Parar todas as drogas de abuso, incluindo álcool e maconha
Esta é uma das regras mais difíceis para o dependente de cocaína aceitar. O indivíduo tende a focalizar todas as suas dificuldades por exemplo na cocaína, desprezando a participação das outras substâncias no seu padrão de consumo. O consumo de álcool ou de maconha freqüentemente representa o primeiro passo para uma recaída no consumo da própria cocaína. Além desse fato, o consumo de qualquer substância evoca as memórias do consumo da droga principal consumida, desencadeando “fissuras” intensas. Ao consumir outra droga, o indivíduo terá menor capacidade de resistir a tais “fissuras”, recorrendo ao consumo.
4 - Mudar o estilo de vida
Os dependentes de drogas não podem manter os relacionamentos com antigos companheiros de consumo, não podem ir aos bares e outros ambientes onde costumavam encontrar esses colegas, pois o consumo de substâncias psicoativas (drogas e/ou álcool) é a atividade central dessas atividades. O indivíduo, nessas ocasiões, volta a sentir desejo intenso, como uma necessidade de consumir, não conseguindo resistir à droga. Esta é a principal razão de recaídas, pelo menos nos pacientes em tratamento.
5 - Sempre que possível evitar situações, pessoas e ambiente que causem fissuras
É importante antecipar estas situações em tratamento antes de se encontrar nas situações acima descritas, para que o paciente possa lidar adequadamente e evite o uso. Os dependentes em tratamento nunca devem testar-se, para saber “como estão indo no tratamento”. Este fenômeno é muito visto entre os pacientes, que acreditam que “passando no teste” estarão provando que voltaram a conquistar o controle sobre a droga e que “jamais irão consumir novamente”. Infelizmente nada poderia ser mais falso que isto. Mesmo passando no “teste” o paciente estará mais próximo de uma recaída, por ter se aproximado ao ambiente de consumo e, provavelmente, por excesso de autoconfiança.
6 - Procurar outras recompensas (fontes de prazer)
Durante a trajetória da dependência os indivíduos costumam afastar-se de praticamente todas as formas de lazer que não se encontram associadas diretamente ao consumo.Freqüentemente abandonam hobbies, afastam-se de pessoas que não usam, param de exercitar-se; com a evolução da dependência mesmo o interesse no sexo reduz muito, e a vida torna-se escassa de prazeres não quimicamente induzidos. O aprendizado de como voltar a estar em sintonia com o mundo “careta” é uma das tarefas mais difíceis da recuperação. Alguns indivíduos chegam a relatar que “desaprenderam a falar” sem o efeito das drogas.
7 - Cuidados pessoais: aparência, alimentação, exercício etc.
A cocaína, por exemplo, é um potente inibidor do apetite, de forma que usuários crônicos tendem a apresentar deficiências de diversos nutrientes e vitaminas. Alguns indivíduos dependentes de álcool e/ou drogas ingressam no tratamento realmente depauperados fisicamente.Da mesma forma, o condicionamento físico do paciente costuma ser negligenciado, indicando a inclusão de exercícios físicos na recuperação do paciente. O exercício pode, ainda, auxiliar a controlar ansiedade do indivíduo, facilitando a manutenção da abstinência, e produz sensação de bem-estar pela liberação de substâncias (endorfinas), que podem resultar em redução do desejo pelo consumo.
Fases do tratamento de abuso e dependência de álcool e drogas
- Desintoxicação ou Promoção da abstinência
Fase de abstinência sob supervisão médica dos efeitos do consumo de álcool ou outras drogas. Fisiologicamente esta fase dura poucos dias, porém a vontade de consumo pode persistir por meses. O uso de medicações pode reduzir o desconforto dos usuários ou mesmo minimizar as complicações médicas. A desintoxicação estabiliza o paciente, permitindo que ele ingresse na próxima fase do tratamento. Porém a desintoxicação sozinha tem mínimo impacto na dependência

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Reabilitação
É a fase do tratamento em que os paciente aprendem como modificar seu comportamento para manter a abstinência. Inúmeras modalidades terapêuticas podem (e devem) ser utilizadas para esta finalidade – aconselhamento individual e familiar, aprendizado sobre dependência e sobre as substâncias que consome, psicoterapia individual e familiar, medicações contra as vontades de consumo que o indivíduo apresenta, treinamento social e vocacional, e outros processos são integrantes desta fase. Grupos de mútua-ajuda devem sempre ser incluídos no processo de reabilitação

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Cuidados continuados
Muitos dos pacientes dependentes devem se manter em tratamento por um período longo em suas vidas. Esta fase é composta de propostas para a manutenção do estado de sobriedade frente às dificuldades de suas vidas. Participação em grupos de mútua-ajuda é um dos mais conhecidos meios de manutenção dos benefícios conseguidos em um tratamento. Outras possibilidades para esta fase são oferecidas pelas comunidades terapêuticas. Elas oferecem um ambiente bem estruturado para indivíduos que não disponham destes recursos em sua vida. As internações nestas instituições são freqüentemente longas, possibilitando uma estruturação da vida do indivíduo antes dele retornar ao seu ambiente de vida. Todas as modalidades oferecem suporte moral e encorajamento.

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Prevenção de recaídas
Estratégias que podem ser aplicadas conjuntamente ou logo após o tratamento primário (desintoxicação ou reabilitação). Em geral estas estratégias têm o objetivo de antecipar (e lidar) com as situações em que os pacientes terão possibilidade de recair, ajudando-os a adquirir instrumentos eficazes para evitar uma recaída, também modificando seu estilo de vida. Assim sendo são efetivas na redução da exposição dos indivíduos às situações de risco, fortalecendo suas habilidades de evitar uma recaída.
Fonte: GREA - Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas
As regras do tratamento - Passo a passo as normas impostas pela Anvisa para o funcionamento das comunidades terapêuticas
Como deve ser escolhida a instituição que cuidará do tratamento da dependência de drogas de um familiar ou de um amigo próximo? Essa é uma pergunta muitas vezes presente nas consultas feitas à Abrafam (Associação Brasileira de Apoio aos Familiares de Droga-dependentes) - mas para a qual não existe uma resposta única. Em primeiro lugar, porque não existe tratamento que sirva para todos. Em qualquer área da saúde, cada indivíduo apresenta necessidades diferentes e reações diferentes às mais variadas terapias. Assim, não seria possível compor um "guia de tratamento de drogadependentes". E, certamente, se existisse um, não haveria tantos dependentes em apuros...
No entanto, algumas orientações básicas são imprescindíveis. A primeira delas é verificar se, no mínimo, a lei está sendo cumprida. O tratamento da drogadição pode ser realizado das mais diferentes formas: em regime de ambulatório, domiciliar ou de internamento, sendo que esse último ainda subdivide-se entre vários tipos de serviços prestados por diferentes instituições: clínicas, hospitais, comunidades terapêuticas. E, com relação às comunidades terapêuticas, a legislação existe para defender o paciente.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão do Ministério da Saúde, publicou, em maio, a Resolução número 101, preparada por membros de diferentes áreas, que trata do assunto. Ali estão descritas regras de funcionamento que devem ser do conhecimento de qualquer pessoa internada ou que tenha providenciado o internamento de alguém, pois deslizes ou claros exemplos de negligência podem passar despercebidos por pura falta de informação. Assim, para apoiar a família nesse universo tão grande de comunidades espalhadas por todo o país, acompanhe este estudo e confira o texto integral da Resolução a seguir.

Para que serve
A Resolução 101, de 30 de maio de 2001, segundo Gonçalo Vecina Neto, que a assina, vem para normatizar e estabelecer padrões mínimos para o funcionamento de serviços públicos e privados de atenção às pessoas com transtornos decorrentes do uso de drogas. Expõe exigências mínimas para o funcionamento dessas instituições, denominadas de comunidades terapêuticas e dá prazo de dois anos para que as que já existem adaptem-se às normas (portanto, até 2003).

A quem se aplica
As normas se aplicam a qualquer pessoa física ou jurídica, de direito privado ou público, envolvida direta ou indiretamente na atenção a indivíduos com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, sejam elas quais forem. Esses responsáveis, podem ser, portanto, uma empresa - um hospital, por exemplo, público ou privado - ou uma pessoa - um médico, um religioso ou qualquer outro interessado em responsabilizar-se pela instituição. Assim, não vale dizer que só os espaços públicos têm que seguir a regra: todos que se proponham a prestar esse tipo de tratamento estão sujeitos ao que determina a Resolução. E mais: uma pessoa deve designar-se como responsável técnica pelo estabelecimento e deve ter curso superior completo na área de saúde ou da assistência social.

Penalidades
Tratando-se de uma Resolução - e não propriamente de uma lei - quem não cumpre as regras é penalizado de acordo com o que determina a Lei 6.437, de 20 de agosto de1977, pois não agiu de acordo com o determinado pela Vigilância Sanitária e, portanto, incorreu no que é chamado de "infração sanitária". A Vigilância se atribui a obrigação, inclusive, de fiscalizar essas instituições anualmente (para o que requer livre acesso às instalações). Está escrito no texto da Resolução. Se essa meta puder ser cumprida, isso significa que as entidades deverão manter também em ordem a documentação relacionada às licenças de funcionamento, prontuários de pacientes etc., pois qualquer irregularidade poderá significar infração.

O que são as comunidades terapêuticas
De acordo com o texto da Resolução, as comunidades terapêuticas são lugares onde se internam - em regime de residência ou por turnos - pessoas que precisem de serviços de suporte e terapia por uso ou abuso de substâncias psicoativas. Nesses locais, "o principal instrumento terapêutico é a convivência entre os pares", diferenciando o tipo de tratamento aplicado ali ao de uma psicoterapia individual, por exemplo, ou do oferecido num hospital geral. Na comunidade terapêutica, o interno convive com outras pessoas que estão nas mesmas condições que ele e com quem pode trocar experiências.

Avaliação
No momento da internação, o paciente deve ser avaliado segundo uma série de critérios descritos na Resolução e classificado de acordo com a gravidade de seu estado (muito dependente da droga e com grandes comprometimentos), com a sua motivação para se tratar de acordo com os danos que a droga já provocou em seu organismo e em sua mente. Além disso, o avaliador deve verificar quais são as condições familiares. Essa avaliação necessariamente tem que ser feita conforme os critérios descritos na Resolução e todos os dados registrados num relatório.

Quem pode se internar?
As comunidades terapêutica não podem recusar-se a atender uma pessoa pelo fato de que ela apresenta, além da dependência de drogas, alguma outra doença associada. Também não pode "escolher" tratar apenas um dos mais comprometidos ou apenas daqueles cujo comprometimento pelo uso de substâncias psicoativas ainda não é tão grave. Após uma avaliação diagnóstica, química e psiquiátrica, os resultados têm de ser anotados numa ficha de admissão. Quem apresenta comprometimento grave do organismo ou da psique deve, necessariamente encaminhado para um serviço especializado, ou seja, ao um hospital ou unidade de terapia intensiva, que possa cuidar de reverter os danos ao corpo, e/ou a um hospital psiquiátrico.
Crenças religiosas ou ideológicas também não são motivos para recusa da internação. Da mesma forma, ninguém pode ser ou permanecer internado contra a vontade nesse tipo de instituição - a menos que encaminhada por um mandado judicial - e todos os pacientes têm o direito de interromper o tratamento no momento que desejarem, exceto se estiverem em risco de vida (por intoxicação ou ameaça de suicídio, por exemplo) ou pondo em risco a vida de outros.
Regulamento Interno
Ao admitir um paciente, a instituição deve expor a ele e a seus familiares sobre suas normas de funcionamento, regime de internação e proposta de tratamento, já com uma previsão do tempo previsto para sua conclusão. Toda a rotina do horário de despertar, atendimento individual ou grupal, programas educacionais, etc., deve ser entregue por escrito. As atividades obrigatórias e opcionais, os critérios de alta e de acompanhamento após a alta também devem ficar bem claros nesse documento e o paciente ou responsável assinará um termo de concordância com o regulamento.
Instalações e Capacidade
As comunidades terapêuticas devem ter capacidade máxima de alojamento para 60 residentes, alocados em, no máximo duas unidades. Isso vale para instituições criadas a partir da data da Resolução. As que existiam anteriormente podem ter até 90 moradores em no máximo três unidades. As comunidades que também prestam atendimento médico devem estar de acordo com a legislação (e licenças de funcionamento) específicas. A Resolução faz uma sugestão das instalações ideais. 
Medicamentos
Algumas vezes, é admitido um interno que já utiliza algum tipo de medicamento de venda controlada (psiquiátrico ou para tratamento de qualquer doença). A direção da comunidade terapêutica deve responsabilizar-se, nesses casos, pela guarda e administração do medicamento ao paciente. Nos casos em que a comunidade também presta atendimento médico de desintoxicação - em que, muitas vezes, são utilizadas substâncias psicoativas semelhantes ás drogas de abuso e que podem, portanto, provocar dependência quando usadas sem controle, a instituição deve ter licença de funcionamento específica e submeter-se a regulamento técnico próprio do Ministério da Saúde.
Direitos do Paciente
A Resolução da Anvisa descreve que todo paciente, durante a internação na comunidade terapêutica, tem direito:
- a exercer sua cidadania (votar, por exemplo)
- ao sigilo sobre suas condições clínicas e psíquicas
- a cuidados com sua segurança
- a alojamentos e higiene adequados
- a receber alimentação nutritiva
- a estar livre de castigos físicos, psíquicos ou morais
- ao livre exercício de sua espiritualidade
- ao cumprimento de recomendações médicas
- a ser encaminhado para outros serviços quando a comunidade não for capaz de resolver intercorrências
- a receber seus medicamentos de acordo com a prescrição médica
Refeições medicinais para os dias de abstinência
Fatos firmados
-
Quanto mais precoce e rápido for o aporte de comida e líquidos, mais rápida será a recuperação do viciado que está cruzando os perigosos momentos da síndrome de abstinência .
- Quanto maior for a quantidade de líquidos e comida aportando no organismo do viciado combalido pelo stress da síndrome de abstinência, menos intensos serão os sintomas desta síndrome.
- A boa hidratação e o aporte energético de comida respondem na íntegra, pela recuperação do viciado em fase de abstinência.
- Se o viciado, em fase de abstinência e conscientemente lúcido puder engolir, sem problemas, sólidos e líquidos, aconselhamos o uso das receitas energéticas abaixo relacionadas:
Beterraba
Descasque 3 beterrabas previamente cozidas. Após fatiá-las, triture-as no liquidificador com 6 copos d´água. Junte 1 concha de caldo de carne, leve ao fogo. Engrosse a mistura com 1 colher de sopa de creme de arroz. Quando estiver fervendo, adicione 2 colheres de sopa de molho inglês.
Esta refeição serve para combater a desnutrição, a anemia por carência de ferro e a desidratação. É rica em potássio, silício, sódio, cloro, zinco, manganês, ferro, cobre e vitaminas.
Cebola
Descasque 5 cebolas médias, fatiando-as em anéis finos. Aqueça 1/4 de xícara de manteiga em uma panela. Junte as cebolas, cozinhando-as em fogo brando até que fiquem macias. Aumente depois o fogo, deixando as cebolas dourarem. Retire a panela do fogo, junte 5 xícaras de caldo de carne, levando para cozinhar novamente durante 30 minutos. Antes de servir, adicione 5 fatias de pão torrado. Cubra a sopa com 1 xícara de queijo parmesão. O sal fica a gosto de cada um.
Esta é uma refeição energética, hidratante, rica em selênio. O selênio é um potente antioxidante, que protege as membranas celulares contra possíveis agressões.
Caqui
Bata no liquidificador 3 xícaras de polpa de caqui, açúcar a gosto e uma lata de creme de leite. Guarde na geladeira. Sirva gelado.
Esta é uma refeição energética, inimiga da inapetência. É rica nas vitaminas A e C.
Alface
Junte, numa panela, 4 xícaras de água fria, 1 colher e meia de chá de sal, 2 xícaras de batatas cortadas, 1 colher de sopa de cebola picada. Deixe a mistura ferver até que a batata esteja realmente cozida. Acrescente 1 xícara de alface picada, cozinhando até que ela fique desfeita. Coe, misture agora 1 colher e meia de azeite com 2 xícaras de leite quente, e junte à sopa. Adicione sal a gosto.
Esta é uma refeição energética, hidratante, rica nas vitaminas B e ácido fólico.
Legumes fortes
Cozinhar 1 molho de couve, 250 gramas de abóbora, 3 molhos de espinafre com 1 litro de água, sal, 1 tablete de caldo de carne. Quando os vegetais estiverem bem cozidos, passar no liquidificador. Servir quente, salpicando queijo parmesão por cima.
Esta é uma refeição energética, hidratante, rica em vitaminas e minerais.
Refeições energéticas para os dias depressivos do viciado em drogas
Batata-roxa
Faça uma calda em ponto de fio forte com 2 quilos de açúcar e 1/2 litro d´água. Junte 2 quilos de batata-roxa previamente cozida e passada na peneira. Acrescente 5 cravos-da-índia. Cozinhe até ver o fundo da panela. Está pronta para servir.
Cenoura
Coloque, numa panela, 2 copos de cenoura ralada, 4 copos de açúcar, 100 gramas de coco ralado, 1 colher de sopa de manteiga, 2 copos de leite. Leve ao fogo, dando o ponto de doce de leite.
Abacate
Cortar em cubos um abacate de tamanho médio, acrescentando 2 colheres de chá de açúcar, 2 colheres de sopa de maionese e o suco de uma laranja-lima. Misturar levemente com um garfo. Está pronto para servir.
Caqui
Misture 3 xícaras de polpa de caqui, 1 xícara de creme de leite, 1 pacote de gelatina sem sabor, previamente dissolvida em 1 xícara de café de água fervendo, açúcar a gosto, 1 colher de sopa de araruta, 2 colheres de sopa de manteiga, 4 claras em neve bem batidas. Bata a mistura até tomar ponto. Coloque na geladeira de um dia para outro.
Maçã
Bata 250 gramas de manteiga com 250 gramas de açúcar. Junte 250 gramas de farinha de trigo, 4 claras em neve, 4 gemas, 3 colheres de sopa de leite, 2 colheres de chá de fermento em pó, 1/2 colher de café de sal. Vá batendo a mistura sempre. Unte a forma de torta, despeje a massa e cubra com 4 maçãs cortadas em tiras, polvilhadas com açúcar. Leve ao forno.
Goiaba
Faça uma calda com 1 quilo de açúcar, cravo e canela em pau. Coloque em seguida 1 quilo de goiabas. Cozinhe-as até ficarem vermelhas.
Laranja
Com 1/2 quilo de açúcar, faça uma calda em ponto de pasta. Bata 6 claras em neve e reserve. Misture 6 gemas com a calda de açúcar e o caldo de 2 laranjas e leve esta mistura ao fogo, acrescentando agora as 6 claras em neve. Mexa até aparecer o fundo da panela.
Refeições energéticas para viciados desnutridos
Coco
Bata no liquidificador, até que se forme uma pasta homogênea, os seguintes ingredientes: 1 copo de coco fresco ralado, 1 colher de chá de açúcar, 1 maço de coentro, sal a gosto, 1 colher de sopa de suco de limão, 1 cebola média picada, 1 pimenta verde, 2 fatias de pão de forma. Comer espalhando a pasta sobre fatias de pão integral.
Ovos
Bata 4 ovos em uma tigela. Tempere com sal e pimenta. Junte 50 gramas de queijo gruyere (ou queijo-de-minas). Aqueça o óleo vegetal numa frigideira. Coloque agora a mistura dos ovos com queijo, puxando-a com o garfo das bordas para o centro, assim que a omelete começar a secar. Quando secar de um lado, dobra-se uma parte sobre a outra. Está pronta para servir.
Leite de soja
Pôr de molho 1 1/2 copo de feijão-soja durante 24 horas. Ferver água em uma panela, para aquecer os grãos. Colocar os grãos na água quente, por alguns minutos, e escorrer. Bater no liquidificador, juntamente com 1/2 litro de água fervente. Despejar em uma vasilha para esfriar. Coar em pano ralo. Bater novamente o bagaço com mais 1/2 litro de água fervente e juntar ao primeiro leite. Temperar a gosto.
Queijo de soja
Este produto é resultante da coagulação do leite de soja, que foi azedado, sendo então submetido a fervura e coado em seguida.
Modo de fazer: Junte o suco de 1 limão a 1 litro de leite de soja. Depois de estar coalhado, ferva e coe em um pequeno saco de pano. Comprima-o bem, na forma, e conserve no refrigerador até adquirir a consistência peculiar do queijo. Tire-o da forma e guarde mergulhado em água fria, ligeiramente salgada.
Carne
Refogue, com óleo vegetal, 2 tomates picados, 1 cebola picada, 1/2 xícara de azeitonas verdes picadas. Tempere com sal. Junte 1/2 quilo de carne moída, deixe cozinhar com a panela tampada. Acrescente molho inglês, 1/2 lata de creme de leite, 1 colher de sopa de Ketchup e 1/2 vidro de cogumelos. Misture bem, sem deixar ferver. Comer este recheio na forma de sanduiche.
Batata-doce
Descasque 1/2 quilo de batata-doce. Corte as batatas em quartos e, com uma mistura de mel e canela, vá pincelando-as enquanto são assadas no forno.
Maçã
Misture 1 1/2 xícara de beterraba cozida, cortada em cubos, com 1 1/2 xícara de maçã crua, também cortada em cubos, e 1/4 xícara de cebola em rodelas bem finas. Tempere a mistura com sal e 1/4 de colher de chá de noz-moscada. Coloque a massa formada num pirex untado com manteiga. Salpique manteiga por cima e cubra com papel de alumínio. Asse, por 1 hora, em forno pré-aquecido.
Refeições energéticas para os dias de infecção
Aipo
Desmanche 2 cubos de caldo de galinha em 2 litros de água fervendo. Junte agora 1 peito de frango fatiado e 1 aipo cortado em tiras finas. Deixe cozinhar bem. Antes de servir, adicione à mistura 1 colher de sopa de creme de leite e 6 fatias de pão de forma cortadas em quadrados e devidamente torradas.
Legumes fortes
Coloque numa panela, contendo 2,5 litros de água, os seguintes ingredientes: 2 talos de aipo, 2 cenouras, 1/2 quilo de carne de músculo, 1 cebola, 1 chuchu, 1 fatia de abóbora, 2 tomates, 1 alho-poró, 2 batatas, 2 nabos, 2 folhas de louro. Ferva a mistura até cozinhar a carne e os legumes. Retire a carne (que poderá ser aproveitada em outro prato) e passe o caldo da sopa e os legumes no liquidificador.
Esta sopa dispensa a adição de manteiga ou margarina.
Espinafre
Cozinhe 2 molhos de espinafre juntamente com 1 cubo de caldo de carne diluído previamente em água fervente. Passe a mistura no liquidificador e depois na peneira. Frite 6 fatias de bacon, até que se forme uma farofa. Reserve. Antes de servir, adicione à sopa 1 colher de sobremesa de creme de leite e o farelo de bacon.
Feijão-preto
Deixe 1 xícara de feijão-preto de molho em água, de um dia para o outro. Cozinhe o feijão em 2 litros de água, esperando até que fique macio. Em 1 colher de sopa de óleo vegetal, frite 2 cebolas fatiadas em rodelas e 2 dentes de alho esmagados. Reserve. Acrescente agora ao feijão os seguintes ingredientes: as cebolas, os dentes de alho, sal a gosto, 2 folhas de louro, 1 xícara de extrato de tomate e 4 batatas fatiadas. Tampe a panela e deixe cozinhar até que a batata fique macia.
Laranja
Coloque num liquidificador os seguintes ingredientes: 1/2 xícara de suco de laranja, 1 copo de iogurte natural (200 gramas), 1 colher de sopa de mel. Bata durante 4 minutos. Está pronto para servir.
Refeições que hidratam o corpo desnutrido do viciado em drogas
Beterraba
Refogue 2 beterrabas grandes, previamente cortadas em fatias, com 2 colheres de sopa de manteiga. Junte em seguida 2 alhos-porós picados, fatias de 1 cebola grande e 1/2 repolho pequeno fatiado. Deixe refogar lentamente, durante 1/2 hora, com a panela tampada. Junte agora 2 litros de caldo de carne e deixe ferver lentamente por mais 1 hora. Acrescente o sumo de 2 beterrabas cruas raladas e passadas num pano de prato. Junte à mistura 4 salsichas cozidas, previamente fatiadas. Ferva durante mais 5 minutos. Antes de servir, ponha em cada prato um pouco de salsa picada e 1 colherada de leite azedo.
Repolho
Cozinhe 1/2 xícara de arroz cru em 2 litros de caldo de galinha, acrescentando mais água se necessário. Tempere com 1 colher de sopa de massa de tomate. Antes de servir, acrescente 2 xícaras de repolho cozido e fatiado. Ao servir, regue com um pouco de azeite.
Músculo
Corte 1 ramo de salsa e cebolinha em fatias bem finas. Reserve. Pique 250 gramas de músculos e 1 cenoura, cozinhando, juntamente com 1 cebola grande, 1 dente de alho, 1 pimentão vermelho, 4 tomates sem sementes e sem pele, em uma porção de água e sal. Assim que a água ferver, deixe cozinhar por 1/2 hora até que a carne fique macia. Tempere com sal e pimenta-do-reino (a gosto). Coe e sirva bem quente. Antes de servir, salpique a salsa e a cebolinha.
Batata-baroa (mandioquinha)
Cozinhe 1/2 quilo de batata-baroa descascada, em água. Passe no liquidificador, com um pouco de água. Junte 1 litro de caldo de galinha concentrado, 3 colheres de salsa e cebolinha picadas, 1 copo de leite, 1 colher de sopa de margarina (ou creme de leite fresco, se prefirir) e 1 colher de queijo parmesão ralado. Sirva bem quente.
Legumes fortes
Misture, em uma panela grande, os seguintes ingredientes: 2 folhas de louro, 1 colher de sopa de sal, 3 litros de água, 3 cenouras cortadas em rodelas, 3 cebolas bem picadas, 3 xícaras de salsão (aipo) picado, 3 alhos-poró cortados em rodelas, 6 cebolinhas verdes, 8 talos de salsinha. Deixe levantar fervura. Abaixe o fogo e cozinhe, em panela tampada, por cerca de 2 1/2 horas. Escorra o líquido. O caldo de legumes está pronto para servir.
O leite na guerra contra a desnutrição do viciado em drogas
Por causa da sua riqueza em proteínas (3,5 gramas/100 gramas), minerais (cálcio, fósforo, magnésio, potásio, iodo, ferro, zinco) e vitaminas (A, E, D, K, C, B, niacina, ácido fólico, B6, B12), o leite está indicado como arma de guerra para recuperar nutritivamente qualquer viciado combalido pela ação dos tóxicos.
Leite e espinafre
Cozinhe, durante 5 minutos, 1 maço de espinafre em 2 xícaras de chá de água. Bata no liquidificador e guarde. Doure 1 cebola média ralada com 3 colheres de sopa de óleo. Adicione o epsinafre batido juntamente com 4 colheres de sopa de maisena previamente dissolvida em 2 xícaras de chá de leite. Cozinhe até ferver, mexendo sempre. Tempere com sal e noz-moscada (a gosto). Acrescente 1/2 xícara de queijo ralado.
Esta é uma refeição energética, protéica, rica em ferro.
Leite e queijo
Desmanche previamente 200 gramas de maisena em 1 litro de leite. Misture agora com 200 gramas de queijo ralado, 50 gramas de manteiga, 1 colherzinha de sal. Leve a mistura ao fogo, mexendo sempre até que cozinhe e fique tudo ligado. Despeje numa forma untada.
Este requeijão é riquíssimo em proteínas.
Leite e batatas
Lavar e limpar 1/2 quilo de batatas e 2 cebolas grandes. Fritar por 5 minutos numa caçarola com 2 colheres de sopa de azeite. Não permitir que as batatas e as cebolas fiquem douradas. Juntar 2 xícaras de água, deixando cozinhar até que as batatas bem tenras. Passar por uma peneira, acrescentado na sopa, 1 xícara de leite. Levar novamente ao fogo. Quando estiver fervendo, juntar 1 colher de sopa de farinha de trigo. Deixe ferver por 10 minutos. Servir quente.
Esta sopa é altamente energética e hidratante.
Leite e arroz
Cozinhe 1 xícara de arroz na água, sem deixar amolecer completamente. Junte 3 copos de leite, açúcar (a gosto), pó de canela em pau (a gosto). Deixe a mistura no fogo até ficar bem mole. Depois junte 2 gemas, mexa rapidamente e leve novamente ao fogo, sem deixar ferver. Tire do fogo, junte 1 colher de chá de margarina, mexa para derreter. Polvilhe com canela em pó.
Esta refeição de arroz-doce é altamente energética, está indicada para pessoas debilitadas pela ação dos tóxicos.
Leite e abóbora
Cozinhe 250 gramas de abóbora com água fervendo. Acrescente sal, canela e cravo. Passe depois no liquidificador. Leve novamente ao fogo, na mesma água em que foi cozida, juntando 75 gramas de queijo branco. Deixe ferver. Em seguida, coloque 170 gramas de açúcar e 1 copo de leite. Leve a mistura ao fogo brando, mexendo sempre. Engrosse com farinha de trigo dissolvida previamente em um pouco de água.
Este mingau de abóbora é altamente energético e mineralizante.


Se seu filho está usando drogas
  • Procure informação e, se possível ajuda especializada mesmo, antes de conversar com o seu filho. Ele sempre terá um argumento para justificar o uso, além de minimizar o problema
  • Não permita que seu filho fume maconha dentro de casa, a fim de manter o controle. Essa atitude, além de proibida por lei, não diminui os riscos
  • Se o seu filho está arredio e não quer te escutar, procure alguém que ele respeite, como um parente ou amigo da família
  • Leve - o para um psicólogo ou psiquiatra especializado. Além de mostrar que ele está prejudicando a própria vida, a terapia pode ajudar nas questões que o levaram a buscar a droga. È importante que o profissional tenha experiência na área
  •  Participe de grupos de ajuda mútua dirigidos para pais de dependentes, ainda que seu filho não esteja em tratamento. Mudando seu comportamento, é possível que seu filho decida se tratar
  •  Coloque limites em casa, como delegar tarefas, controlar o dinheiro e impor horários. Enquanto o jovem tem tudo o que precisa, dificilmente sente - se estimulado a largar as drogas
  •   Seja firme e nunca volte atrás. Negar ajuda pode ser melhor ajuda
  •  Lembre - se que, pagando dívidas que seu filho fez com traficantes, você pode estar dando início a um ciclo vicioso. Não deixe de procurar ajuda quando a situação envolver traficantes

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